Desenhei este prato para se enquadrar na foz, para se contextualizar na mineralização da água doce que vira mar... Poderia afirmar que este prato está vivo, pelas cores, pelo actor principal que dá a vislumbrar a sua ternura, pela combinação, pelo forte cheiro a pimento na brasa com as folhas de pimenteiro muito ligeiramente braseadas...
Percorre e apodera-se da porcelana um creme ténue de choco à base da sua cabeça e tinta, começa então o sabor a mar... Já o choco é cozinhado a vapor em manteiga de ervilha verde. Verde que combina com a tradição do peixe na brasa com os pimentos assados. como remota a tradição local conforme me foi explicado. Daí o pimento verde também se manifesta numa maionese, fresca e forte, para realçar o sabor do esmagado de ervilha verde no céu da boca, ou seja, dá aquele certo "punch" que aparentava faltar. Da "rega do limão no peixe na brasa" assei um limão bébe e gomei-o assim que arrefece ao se abater a temperatura, assim retiramos o excesso de acidez e contrasta a temperatura do prato, como as correntes da maré que nos surpreendem por vezes... Pelo menos estou certo que os figueirenses sabem do que estou a falar. Em fim mas não menos importante o embrião do choco é curado e totalmente livre, o seu sabor é legítimo, que torna a azeitona preta uma pequena nota, que torna a música como ela é, completa, complexa e simples na nossa boca.
Ps: Ambiente natural.
Figueira da Foz, Costa da Avenida de Espanha Ph: Cristina Aguiar Catarina Valadas Norinho