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À nossa Mesa _ na Figueira da Foz '17


Sábado dia 25 estava combinado um jantar, uma noite aliás muito especial, que se tornou algo emblemático para com os produtos da região, designa-se de À NOSSA MESA. Para os que já me conhecem certamente que imaginam o orgulho em fazer parte dum evento de promoção da região, digamos que até tem traços parecidos ao DecantO...

Mas o A NOSSA MESA, foi moldado na visão do Tony Salgado, da Gilda Saraiva e da Paula Gil em primeiro lugar que levantaram o projecto e o seguraram de mãos dadas com os magníficos parceiros:

E claro a nós Chefs Convidados:


Uma noite que começou, para mim, num certo dia nas salinas da Gilda, carregadas de gramata até ao pescoço, couves de bruxelas e afins (aquelas escamas ...), nesse dia o Tony virou-se para mim e propôs-me criar algo que levasse como sêlo a inspiração na tradição da Região Centro. Tendo sido destacado para a sobremesa por ele, cá me aventurei a mergulhar na memória do que já tinha aprendido na cidade, e lembrei me de uma noite carismática para mim cozinheiro mas já vos conto...


Foi um dia maravilhoso com muitas correrias, mas como o evento indica e nós cozinheiros sabemos é um dia de partilha, de risos, empenho e muitos abraços.

Variados Canapés dos Chefes: João Serodio e Valdemar Onofre

Ensopado de Pata Roxa do Chef Carlos Gonçalves

A Raia de Pitau ou Piteu do Chef Tony Salgado

A Carne Marinhoa confitada em vinho, no verdadeiro joux, as favas e o puré de batata doce do Chef Manuel Alexandre e do seu colega mor Daniel Baleizão

Para mim este evento começou cedo, com vários testes e parcerias pois sou uma pessoa que gosta de estar no meio dos produtos e dos que os produzem e claro quando tenho o tempo. Começou cedo a aprimorar um gelado que se tornaria magnífico num esforço a quatro mãos com a Gelataria San Remo, Obrigado Sr. Paulo ! Esse Gelado de Abóbora, esta vinda de tão perto, de Caceira da Bio Hortus, a quem agradeço ao Pedro Simões pelo feedback deste legume da terra. Um trabalho que se tinha iniciado muito antes para garantir o máximo de paixão entregue na porcelana na noite de 25.


O meu prato serviu de atributo, não a uma tradição na integra do produto tradicional mas a uma noite muito especial passada para os lados de Vila Verde e Lares, onde estava eu com a minha namorada e familiares a vivenciar algo que faz parte da tradição, a torta de abóbora. Nessa noite estava a ocorrer uma angariação de fundos para a Sociedade Instrução e Recreio de Lares, onde numa escola primária pública se assavam estas broas ou tortas num forno a lenha com rodas. Lembro-me das várias mulheres de pescadores irem ao encontro do conforto deste produto para libertar a mágoa da saudade dos seus amados trabalhadores.

Era bem de noite, já a lua brilhava no seu todo, num branco tão branco como o interior de um queijo de rabaçal, este que eu trouxe em forma de roda para lembrar o forno a lenha móvel e recheado com sementes de chia para lembrar a crocância dos pinhões e outros do recheio das tortas. A repouso junto do queijo está um ramo de gramata, do local onde tudo começou...

Pelo fio da receita da torta temos o limão que é escaldado com as abóboras antes de ficarem penduradas numa toalha a escorrer a água em demasia. Este limão introduzi em dois componentes, a base para repousar o gelado, uma areia fina como a da figueira de biscoito de limão e também num gel bem negro como aquela noite de licor beirão.



Para nos lembrar brevemente da textura de uma torta acabada de sair do forno a lenha trouxe a suculência de uma rabanada de pão brioche e noz moscada em travos muito calmos para os restantes sabores se difundirem no seu redor.

E para meu cunho pessoal finalizei com toda a elegância nele presente, um pudim de leite condensado, receita da minha bisavó bem especial e sentida por mim que se elevou com uma óstea de abóbora e as suas sementes.


Na porcelana vemos no queijo a lua lá de cima sobre a mágoa da pescaria, a olhar para o esguio preto da noite, uma abóbora a querer se impor e um conjunto de sabores que falam por diversas línguas.

Pelo andar da carruagem muitos perceberão a razão do caríssimo Chef Orlando Esteves ao ter me passado a palavra para explicar a sobremesa (risos).


Resta agradecer (no contexto da elaboração do prato) mais uma vez à horta municipal que muito tem me apoiado em trabalho conjunto para a sustentabilidade das flores que uso que são fantásticas e que respiram o ar da chuva destes ultimos tempos.


É neste intermeio que também relato a minha saída do restaurante Areias de Sabores durante esta semana do qual consolidei o projecto desde fevereiro de 2016 como podem ler em notícias anteriores. Saio do Oasis mas fico na região, mas para já o resto é surpresa, fiquem atentos !


Não termino sem mandar um grande abraço aos meus ainda mais jovens rapazes que estiveram ao meu lado, o Diogo Santos, meu vizinho desde sempre e companheiro na minha jornada neste mundo para todo o lado, e o José Alves um rapaz de Coimbra que me demonstrou vontade de fazer e de querer, rapazes o sucesso tem muito trabalho, e trabalho fizemo-lo ontem, todos nós, em mais um degrau na escada, mais um passo no caminho.


Obrigado Filipa Sotto-Mayor do Abrigo da Montanha, à Alla, ao João Serodio. A vós todos amigos e colegas de profissão pelo dia e pela amizade. À escola da Mealhada, e a todos vós que estiveram presentes!


Um gigante Obrigado com muito carinho à minha namorada linda Patrícia Tavares que me ajudou com as redes de pesca e que contribuiu como sempre na base da minha paixão pelo que faço graças ao Amor que nutre em nós !


Da minha parte vai o terceiro nível de agradecimento do Tratado de Gratidão de S. Tomás de Aquino. Obrigado!


Que mais uma vez se dê à Figueira mais Figueira.



"Na Figueira da Foz fazem-se coisas excelentes, assim dêem reconhecimento aos que ousam arriscar." - Filipa Sotto-Mayor (Nota: Mais tarde introduzirei a fotografia final da sobremesa com a digna quenelle de gelado de abóbora.)


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